Conheça a família da uva Pinot Noir
A uva Pinot Noir é uma das variedades mais antigas e reverenciadas do mundo do vinho. Famosa por sua…

A uva Pinot Noir é uma das variedades mais antigas e reverenciadas do mundo do vinho. Famosa por sua elegância e complexidade aromática, ela tem sua origem na região da Borgonha, na França. Porém, a Pinot Noir não está sozinha; ela pertence a uma extensa família de uvas, que compartilham características genéticas e também são responsáveis por vinhos notáveis.
Quer saber mais sobre essa família fascinante? Então continue a leitura e vamos explorar juntos as principais uvas irmãs da Pinot Noir e seus vinhos.
Neste artigo você vai ver
A uva Pinot Noir
A Pinot Noir é uma uva tinta originária da Borgonha, na França, sendo uma das variedades mais antigas do mundo. Além da região francesa, as principais regiões produtoras incluem Califórnia e Oregon, nos Estados Unidos, Nova Zelândia, Chile e, mais recentemente, no Brasil.
Os cachos da Pinot Noir são compactos, com bagas pequenas e casca fina, o que a torna uma das uvas mais difíceis de cultivar. Esse desafio de produção é compensado pela qualidade de seus vinhos: elegantes, com taninos macios e acidez presente. Geralmente traz aromas de frutas vermelhas, como morango, cereja e framboesa, notas florais, que lembram violeta, e nuances terrosas que evoluem para trufas e couro quando têm um bom envelhecimento.
Os vinhos de Pinot Noir combinam perfeitamente com pratos como aves, especialmente pato, peixes gordurosos, como salmão, receitas com cogumelos, risotos e queijos de mofo branco, como Brie e Camembert.
Longe de ser solitária, Pinot Noir faz parte de uma família de castas
A Pinot Noir pertence a uma grande família de uvas chamada “Pinot”. Essa linhagem de castas se originou através de mutações e cruzamentos naturais da Pinot Noir ao longo dos séculos. Isso resultou em variedades, cada uma com suas características próprias, adaptando-se a diferentes climas e solos, contudo, todas compartilham a herança genética da Pinot Noir.
Entre as principais uvas da família Pinot, destacam-se:
- Pinot Gris: mutação de casca quase cinza, aparece em vinhos brancos e rosés. Na Itália, seu nome é Pinot Grigio, enquanto na Alsácia leva o nome de Tokay-Pinot Gris, e Grauburgunder na Alemanha e na Áustria.
- Pinot Blanc: mutação de bagas brancas, chamada de Pinot Bianco na Itália, onde seu estilo é mais diversificado, compondo, inclusive, cortes dos espumantes.
- Pinot Meunier: é a segunda uva tinta que pode entrar no corte oficial dos Champagne, ao lado da Pinot Noir. Raramente as encontramos como varietal, agregam aromas de frutas vermelhas, além de dar corpo e frescor aos espumantes.
- Pinotage: cruzamento entre Pinot Noir e Cinsault, de desenvolvimento na África do Sul, onde tem amplo cultivo.
Existem outras, menos famosas, como a Pinot Noir Précoce (ou Frühburgunder), versão de maturação precoce, comum na Alemanha; Pinot Liébault, um clone da Borgonha; Pinot d’Évora (mesma variedade que a Carignan); Pinot Teinturier; e Pinot Droit e Pinot Nero, que são a mesma variedade que a Pinot Noir.
Uma curiosidade que talvez poucos saibam é que a Chardonnay também faz parte da família das uvas Pinot. Ela é resultado do cruzamento entre a Pinot Noir e a extinta Gouais Blanc.
As uvas mais emblemáticas da família da Pinot Noir e seus vinhos
Pinot Gris
A Pinot Gris, conhecida como Pinot Grigio na Itália, é uma mutação da Pinot Noir que resulta em uma uva de casca cinza-rosada. Seus vinhos podem variar de frescos e leves, quando produzidos no estilo italiano, a encorpados e mais estruturados, como ocorre na região da Alsácia, na França.
Os aromas típicos incluem frutas cítricas, melão, pêssego e maçã. Alguns exemplares podem ainda apresentar notas de mel, especiarias e até um toque mineral. Os vinhos de Pinot Gris harmonizam bem com pratos de frutos do mar, aves, massas com molhos leves e pratos asiáticos, como sushi e sashimi.
Pinot Blanc
A Pinot Blanc, ou Pinot Bianco, na Itália, é outra mutação da Pinot Noir, contudo, com casca completamente branca. Seus vinhos costumam ser frescos, de boa acidez, com notas florais e de frutas brancas, como pêssego, pêra e maçã verde.
Os vinhos a partir da Pinot Blanc são ideais para acompanhar frutos do mar, peixes grelhados, massas com molhos leves e queijos frescos, como o queijo de cabra.
Pinot Meunier
A Pinot Meunier é uma uva tinta que aparece em blends para a produção de Champagne, ao lado da Pinot Noir e da Chardonnay. Na composição dos famosos espumantes, ela agrega frescor e um toque frutado à bebida, com aromas de maçã, em especial. Contudo, mesmo sendo menos conhecida como varietal, a Pinot Meunier também pode produzir vinhos tintos leves e frutados.
Em termos de harmonização, quando pensamos nos espumantes feitos com a Pinot Meunier, as possibilidades são muitas. A versatilidade dessa bebida permite acompanhar desde aperitivos, entradas e pratos leves, até sobremesas. Experimente com ostras, queijos de mofo branco e massas com molhos cremosos. No caso dos vinhos tintos tranquilos, o indicado é servir com charcutaria ou ainda carnes brancas.
Pinotage
A Pinotage é uma das uvas de maior cultivo na África do Sul. Ela teve origem em 1925, por um cientista que buscava um vinho com a delicadeza da Pinot Noir que, ao mesmo tempo, fosse resistente para se desenvolver no terroir sul-africano. Para isso, ele escolheu outra variedade tinta, porém mais rústica, a Cinsault.
Curiosamente, a Pinotage não possui semelhanças com suas progenitoras. Seus aromas lembram ameixa, tabaco e café torrado. Com acidez discreta e alto corpo, seus vinhos harmonizam com pratos intensos, como por exemplo carnes cozidas e assadas, massas com molhos ricos e queijos envelhecidos.
O cultivo de Pinot Noir e suas parceiras de família no Brasil
O Brasil vem se destacando na produção de vinhos de alta qualidade com a Pinot Noir. Regiões como a Serra Gaúcha, Campos de Cima da Serra e Santa Catarina oferecem condições climáticas favoráveis ao cultivo dessa casta.
Utiliza-se amplamente a Pinot Noir na produção de espumantes brasileiros, conferindo finesse e complexidade aromática, levando muitos destes exemplares a terem reconhecimento e prêmios internacionalmente. Contudo, além dos espumantes, ela tem uso na produção de vinhos tintos de perfil mais leve e elegante. A vinícola Guaspari, por exemplo, se destaca com seu Pinot Noir, mostrando que também é possível produzir excelentes rótulos com essa uva em outras regiões do Brasil.
Outras uvas da família da Pinot Noir também têm cultivo com sucesso em território nacional. A Pinot Gris, por exemplo, se mostra promissora na produção de vinhos brancos aromáticos e equilibrados. A Pinot Blanc, embora menos comum, também vem encontrando seu espaço em vinícolas que buscam diversificar suas ofertas.
Conclusão
A uva Pinot Noir pertence a uma família diversa e cheia de personalidade, oferecendo uma variedade de vinhos que agradam paladares em todo o mundo. Desde a elegante e complexa Pinot Noir até as versáteis Pinot Blanc e Pinot Gris, cada uva traz suas próprias características e possibilidades de harmonização.
O cultivo dessas uvas no Brasil demonstra o potencial do país em produzir vinhos de alta qualidade e a capacidade dos produtores brasileiros de inovar e se adaptar às demandas do mercado. À medida que a viticultura brasileira continua a evoluir, podemos esperar ver ainda mais vinhos excepcionais a partir das uvas da família Pinot.