Pêra-Manca: por que esse vinho é tão especial?

Quando se fala em vinhos icônicos, alguns nomes têm o poder de despertar o interesse tanto de apreciadores quanto…

pêra-manca

Quando se fala em vinhos icônicos, alguns nomes têm o poder de despertar o interesse tanto de apreciadores quanto de curiosos. É uma experiência única degustar vinhos que carregam não apenas grande qualidade, mas também história e prestígio. Entre esses rótulos emblemáticos, o português Pêra-Manca, sem dúvida, ocupa um lugar de destaque.

Produzido na região do Alentejo, pela Fundação Eugénio de Almeida, este vinho é sinônimo de excelência e exclusividade. Mas você já se perguntou o que torna o Pêra-Manca tão especial e desejado entre os enófilos ao redor do mundo? Continue a leitura deste artigo, e vamos explorar juntos os aspectos que tornam este vinho único.

Origem do vinho Pêra-Manca

As raízes do Pêra-Manca estão na região vinícola de Évora, localizada no Alentejo, Portugal. Por anos, durante o século XIX, a Casa Agrícola José Soares elaborou um vinho sob este nome. Porém, a devastadora crise da filoxera, que destruiu boa parte dos vinhedos europeus, combinada com o falecimento do proprietário, em 1920, levaram à interrupção da produção do Pêra-Manca. 

Foi então que, em 1987, o herdeiro da extinta casa, José António de Oliveira Soares, cedeu gratuitamente a marca Pêra-Manca à Fundação Eugénio de Almeida – a instituição filantrópica por trás da famosa Adega Cartuxa, na mesma região de Évora.

Foi apenas em 1987 que o Pêra-Manca ressurgiu pelas mãos da Fundação Eugénio de Almeida, que ganhou os direitos do nome. Um acordo entre o herdeiro da extinta casa, José António de Oliveira Soares, e a fundação permitiu a revitalização do rótulo. José António estabeleceu apenas uma condição no contrato: que “Pêra-Manca” passasse a ser reservado exclusivamente ao melhor vinho da Adega Cartuxa.

O primeiro desta nova era teve lançamento em 1990, iniciando um legado de safras excepcionais, que mantêm até hoje a tradição da produção apenas em anos que consideram perfeitos. Após a safra inicial, 16 edições foram em: 1991, 1994, 1995, 1997, 1998, 2001, 2003, 2005, 2007, 2008, 2010, 2011, 2013, 2014, 2015 e 2018.

Por que leva esse nome?

O nome “Pêra-Manca” tem ligação à geografia da região. Ele faz referência às características do solo onde os vinhedos se localizam. A expressão “pedras mancas” descreve as grandes pedras soltas comuns no Alentejo, que se movem ou oscilam levemente no terreno. 

Os diferentes tipos de vinhos Pêra-Manca

Na linha do Pêra-Manca há a elaboração de dois vinhos: o branco e o tinto. Ambas as versões possuem rigoroso cuidado nos processos de produção e uso de uvas autóctones de Portugal, o que lhes confere, assim, características únicas. Porém, apesar de partilharem o mesmo nome, cada estilo tem suas particularidades, sendo o Tinto o mais aclamado deles.

Como são produzidos?

Pêra-Manca Tinto:

Elabora-se a versão tinta a partir das uvas Aragonez e Trincadeira, de vinhas com mais de 30 anos de idade. As uvas são colhidas de parcelas selecionadas, e fermentadas em barricas de carvalho francês, com controle de temperatura. 

Posteriormente, o vinho estagia por 18 meses, também em carvalho francês, e, em seguida, há um período de envelhecimento na garrafa antes da liberação para o mercado. Encorpado e elegante, é um vinho complexo, com taninos marcantes e grande potencial de guarda, capaz de alcançar sua plenitude após 10, 15 e até 20 anos.

Pêra-Manca Branco:

Já a versão branca é produzida com as variedades Antão Vaz e Arinto. Uma parte das uvas fermenta em tanques de aço inox, preservando o frescor e acidez, enquanto o restante fermenta em barricas de carvalho francês, garantindo estrutura e complexidade aromática. 

Após o processo de fermentação, o vinho então passa por um estágio de 12 meses em contato com as borras finas (leveduras), o que adiciona textura e elegância à bebida. É um vinho fresco, com boa acidez, aromas frutados com toques minerais, ideal para consumo mais jovem.

Com o que harmonizar um Pêra-Manca

Um vinho tão especial como o Pêra-Manca requer uma harmonização que respeite e valorize sua riqueza e complexidade. 

Para o Pêra-Manca Tinto, a combinação ideal envolve pratos intensos, como carnes vermelhas assadas, ensopados e queijos curados. É um vinho estruturado, robusto e capaz de encarar bem temperos fortes e preparações elaboradas, como um cordeiro assado com ervas, ou ainda, carne de javali. Se a opção for uma massa, prefira receitas com molhos encorpados, como bolonhesa. 

Por outro lado, o Branco, com sua acidez equilibrada e perfil aromático, faz excelente companhia a pratos à base de frutos do mar, como lagosta, vieiras, ostras e peixes delicados. Também harmoniza com pratos leves de cozinha mediterrânea, como por exemplo massas com molhos que levam ervas e azeite. Caso a preferência seja apenas por queijos, aposte então nas versões de massa mole ou semi-dura.

O que faz do Pêra-Manca um vinho tão especial?

Existem diferentes fatores que elevam o vinho Pêra-Manca ao status de ícone. Em primeiro lugar está o seu terroir, com condições climáticas e de solo que criam um ambiente perfeito para o cultivo de uvas de altíssima qualidade. A formação granítica e o clima quente e seco da região, em particular, favorecem a produção de vinhos equilibrados, com ótima concentração de sabores.

Outro aspecto que o distingue é a exclusividade. O Pêra-Manca é um vinho de produção em pequenas quantidades e somente nas safras que o produtor considera excepcionais. Apenas os vinhos que atendem aos padrões mais elevados de qualidade recebem a marca “Pêra-Manca”, o que contribui para a aura de prestígio que o cerca. Isso, inclusive, eleva seu valor e o torna alvo de colecionadores.

Além disso, todo o rigor em sua produção, desde a seleção das uvas até a vinificação e o período de maturação em barricas de carvalho, garante um vinho com alto potencial de guarda. Com o passar dos anos, o Pêra-Manca Tinto desenvolve aromas terciários que elevam ainda mais sua complexidade.

Por fim, a história e o prestígio associados ao nome desempenham um papel importante, consolidando-o como um dos vinhos mais emblemáticos do mundo, um sonho de todo apreciador.

Conclusão 

Para os amantes de vinhos, a possibilidade de degustar um Pêra-Manca é muito mais que um prazer, é uma celebração. Sua história rica, produção cuidadosa, exclusividade e capacidade de evoluir ao longo dos anos fazem dele uma escolha especial para qualquer apreciador. Seja pelo tinto encorpado e longevo ou pelo branco fresco e elegante, o Pêra-Manca é o exemplo de como tradição, terroir e expertise podem criar um vinho emblemático.

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