Porcellino Branco 2025: o novo caminho da Guaspari entre o Atlântico e a Mantiqueira

Há vinhos que não nascem apenas de terras férteis, mas de uma inquietude criadora, do desejo de ir além,…

Porcellino Branco 2025: o novo caminho da Guaspari entre o Atlântico e a Mantiqueira

Há vinhos que não nascem apenas de terras férteis, mas de uma inquietude criadora, do desejo de ir além, de descobrir novas expressões sem perder o sentido de origem. Assim é o Porcellino Branco 2025, o mais recente lançamento da Vinícola Guaspari. O rótulo representa não apenas uma nova safra, mas um novo capítulo na trajetória da marca que fincou raízes na Serra da Mantiqueira e agora se abre ao frescor do Atlântico.

Com produção no Uruguai, na região de Canelones, este branco nasce do encontro entre dois mundos: a altitude montanhosa de Espírito Santo do Pinhal, berço da Guaspari, e o clima marítimo que sopra sobre os vinhedos uruguaios. 

Atravessar fronteiras, porém, não significou romper tradições, mas ampliá-las. Bem como o javali de bronze Il Porcellino, símbolo que inspirou o nome da linha, a Guaspari deixou que o instinto curioso a guiasse por novos caminhos, em busca de prosperidade, sensibilidade e autenticidade.

Neste artigo, vamos explorar não apenas o vinho em si, mas o contexto que o envolve. A simbologia, o terroir, o perfil sensorial e como harmonizá-lo para que ele brilhe ainda mais na taça.

Um novo capítulo na história da Guaspari

Desde sua origem nas terras altas de Espírito Santo do Pinhal, a Guaspari construiu uma identidade ligada à elegância, ao frescor e à autenticidade, mostrando ao mundo o potencial surpreendente da Serra da Mantiqueira para vinhos finos de alta qualidade.

O Porcellino Branco 2025 surge como um marco. O primeiro vinho com produção fora dos domínios paulistas da vinícola, em um terroir de natureza completamente distinta. A decisão de produzir este rótulo inédito em solo uruguaio não representa uma ruptura, mas a ampliação de uma busca: explorar novos climas, solos e expressões, sem perder a coerência com a filosofia original.

Como explica Gustavo Gonzalez, Diretor de Enologia da vinícola, “as possibilidades dentro dos terroirs do Uruguai são muito interessantes – diferentes dos nossos, mas com qualidade muito alta também”.

Essa sintonia de propósitos tem o reforço de Rafael Scaramussa, Engenheiro Agrônomo: “É uma cultura de vinícolas parecida com a nossa, focada em excelência, frescor e em um trabalho familiar e artesanal”.

O símbolo do javali Il Porcellino

A chegada da escultura Il Porcellino ao espaço da vinícola marcou simbolicamente esse novo ciclo. Segundo a lenda florentina, quem toca o focinho do javali atrai sorte e prosperidade, um gesto de curiosidade e esperança. A Guaspari foi além do mito e transformou o símbolo em movimento. Deixou o javali “farejar novos caminhos”, encontrando na costa uruguaia o cenário ideal para escrever uma nova página de sua história.

No rótulo do novo vinho, o focinho do javali aparece levemente borrado, pois como diz o mote da linha, “sorte boa é aquela que se sente e também se vê”.

Terroirs que se complementam 

A escolha de produzir o Porcellino Branco no Uruguai reflete um desejo maduro de contemplar o vinho sob outra luz.

Enquanto a altitude dos vinhedos em Espírito Santo do Pinhal proporciona estrutura e elegância, nas planícies de Canelones o Atlântico oferece brisas constantes que favorecem vinhos de frescor natural, delicadeza e mineralidade.

Essa dualidade serviu de base para a criação do Porcellino Branco: “Não queremos fazer um vinho brasileiro no Uruguai”, explica Gonzalez. “Queremos trazer um vinho feito pela Guaspari para o Brasil.”

O terroir uruguaio e o frescor do Atlântico

A cerca de 70 metros de altitude, Canelones tem fama de uma das regiões mais promissoras da viticultura uruguaia. Seus solos argilo-calcários, ricos e bem drenados, favorecem vinhedos de qualidade com raízes profundas. A influência marítima é constante. Brisas que equilibram o calor diurno e noites frescas que preservam a acidez das uvas.

É nesse cenário que nasceu o Porcellino Branco, fruto da colheita manual, nas primeiras horas da manhã, preservando assim o perfil aromático e a pureza das variedades que compõem o corte: Albariño (72%) e Sauvignon Blanc (28%).

Equilíbrio entre maturação lenta e expressão aromática vibrante

No clima costeiro de Canelones, as uvas Albariño e Sauvignon Blanc encontram condições ideais para uma maturação lenta e equilibrada. Isso resulta em vinhos com acidez vibrante, aroma intenso e textura delicada.

O processo de vinificação, que acontece em tanques de aço inoxidável, tem como objetivo traduzir o frescor marítimo e a elegância de cada variedade. Os cachos de Albariño passaram por prensagem a frio, enquanto a Sauvignon Blanc passou por maceração pelicular de oito horas. Dessa forma, conferiu-se leve textura e notas herbáceas sutis ao vinho. A fermentação ocorreu entre 15 °C e 20 °C, preservando assim a pureza da fruta e a acidez natural.

O resultado é um vinho que carrega o DNA Guaspari – precisão técnica, frescor e elegância – mas com uma nova dimensão atlântica.

Degustar o Porcellino Branco é sentir o Atlântico na taça 

Com coloração amarelo-limão e reflexos brilhantes, o Porcellino Branco anuncia frescor logo à primeira vista. No nariz, exibe vivacidade cítrica típica da uva Albariño, com notas de toranja e casca de limão-siciliano, com leve doçura de ameixa amarela. Toques herbáceos sutis, vindos da Sauvignon Blanc, completam com equilíbrio o perfil aromático.

Em boca, o vinho revela ataque fresco, acidez vibrante e estrutura surpreendente, sustentada pelo contato com borras finas e pela breve maceração com as peles das uvas. Apresenta notas salinas delicadas, típicas de um terroir próximo ao mar, e uma harmonia natural entre fruta e acidez. É um vinho de corpo leve, refrescante e fácil de beber, mas com profundidade aromática.

À mesa com o Porcellino Branco 2025

O Porcellino Branco é um vinho versátil, que acompanha diferentes momentos do dia. Ele pode abrir um almoço entre amigos, brindar uma tarde de verão ou marcar presença em jantares leves.

Aqui vão sugestões de harmonização:

  • Frutos do mar e ceviches: o frescor típico, a acidez e o caráter salino delicado do vinho o fazem parceiro natural de ceviches de peixe branco, tiraditos, ostras frescas e crudos leves.
  • Peixes grelhados: sardinha grelhada com limão-siciliano, robalo ao molho leve, anchova grelhada com ervas.
  • Pratos leves de influência mediterrânea: saladas com limão e azeite, carpaccios cítricos, gazpacho branco.
  • Queijos frescos e de cabra: queijo de cabra jovem, chèvre, ricota com ervas. A acidez do vinho limpa o paladar e dessa maneira realça nuances herbáceas.
  • Vegetarianos: risotos de legumes grelhados com toque cítrico ou saladas de ervas frescas.

A leveza e o frescor do vinho realçam a delicadeza dos pratos e limpam o paladar a cada gole, um parceiro ideal para a cozinha leve e aromática.

O diálogo entre terroirs: altitude e mar

Produzir em dois terroirs tão distintos é um desafio técnico e filosófico. Ainda assim, a Guaspari demonstra que é possível manter coerência e identidade, explorando o melhor de cada paisagem.

O Porcellino Branco traduz essa visão: um vinho do Atlântico, com alma Guaspari. Ele inaugura o conceito de “terroir ampliado”, não apenas geográfico, mas também humano e filosófico. Afinal, terroir é mais que solo e clima: é também olhar, sensibilidade e experiência.

Ao unir o clima marítimo de Canelones ao espírito da Mantiqueira, a vinícola não rompe com o passado, ela o amplia. O vinho simboliza essa continuidade: mantém o padrão técnico e o cuidado artesanal da Guaspari, mas abre espaço para novas perspectivas sensoriais.

Conclusão 

O Porcellino Branco 2025 não é apenas o primeiro vinho da Guaspari de produção fora do Brasil. Ele é um símbolo de que a autenticidade não está presa ao território, mas ao olhar de quem o cultiva. Entre os ventos do Atlântico e as montanhas de Espírito Santo do Pinhal, a Guaspari reafirma seu espírito inovador, aquele mesmo que, um dia, transformou a Mantiqueira em sinônimo de elegância no mapa vitivinícola brasileiro.

E, se sorte é aquilo que se sente e se vê, como o leve borrado no focinho do javali em seu rótulo, que este branco seja o presságio de muitos outros caminhos prósperos pela frente. Saúde!

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