Tendências no mercado dos vinhos para 2025 

Quando o assunto é “tendências para os anos seguintes” é muito difícil que certas influências estejam restritas a apenas…

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Quando o assunto é “tendências para os anos seguintes” é muito difícil que certas influências estejam restritas a apenas uma área ou assunto, e no mundo dos vinhos não acontece diferente. Os principais agentes balizadores das tendências de consumo de vinhos para 2025 também estão em outras áreas, com pautas e agendas semelhantes, nesse caso uma das principais influências é a agenda Clima e Consumo Consciente.

Nesse texto você encontrará algumas das principais tendências para o mercado de vinhos nos próximos anos, explorando suas origens e impactos tanto para os consumidores e produtores.

Tecnologia na produção e personalização da experiência do consumidor

A mão de obra na viticultura é cada vez mais rara e cara. Dessa forma, a tecnologia vem sendo resposta para muitos processos que anteriormente dependiam da observação atenta de profissionais com ligação à viticultura.

O futuro da viticultura, ultimamente, molda-se por tecnologias inovadoras que oferecem soluções eficazes para enfrentar os desafios crescentes das alterações climáticas e da sustentabilidade. Em 2025, por exemplo, uma das tendências mais marcantes nos vinhos será a adoção generalizada do sensoriamento remoto e de práticas de agricultura de precisão. Essa técnica promete revolucionar o gerenciamento de vinhas.

Através de imagens de satélite e índices como o NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada), o sensoriamento remoto permite monitorar a saúde das videiras. Além disso, identifica previsões como indiretas ou opções e otimiza recursos essenciais, como supervisores e fertilizantes. 

Estas ferramentas permitem uma abordagem mais eficiente, sustentável e personalizada ao cultivo das uvas. Assim, é possível alinhar-se às exigências de mercado e às regulamentações ambientais cada vez mais rigorosas.

Inteligência artificial e machine learning 

Ainda, para 2025, espera-se que tecnologias emergentes, como inteligência artificial e machine learning, se integrem mais aos processos de viticultura. Essas inovações poderão prever rendimentos, identificar variedades de videiras mais resistentes às mudanças climáticas e auxiliar na adaptação a condições extremas, como secas e ondas de calor. 

Além disso, a tecnologia permitirá criar um equilíbrio entre tradição e modernidade, garantindo a consistência na qualidade e nas características

Casos de sucesso já apontam o potencial destas ferramentas. Na Itália, em 2017, alguns vinhedos passaram por geadas que os afetaram e então utilizaram sensoriamento remoto para avaliar danos e desenvolver estratégias de recuperação. 

Com a crescente acessibilidade e eficácia de tecnologias, a viticultura de precisão não será apenas uma tendência passageira. Ela será uma necessidade estratégica para produtores que desejam permanecer relevantes. Em 2025, o sensoriamento remoto será necessário para alcançar a sustentabilidade, eficiência e excelência na produção de vinhos.

A tecnologia como incremento da experiência do consumidor

Os consumidores estão buscando experiências cada vez mais personalizadas. Plataformas digitais e aplicativos de dedicação ao vinho permitem que os consumidores se identifiquem e comprem vinhos que se alinhem às suas preferências. Elas baseiam-se em algoritmos que analisam histórico de compras, avaliações e perfis até sensoriais. 

Além disso, há a integração da realidade aumentada (AR) em algumas etiquetas de vinho. Dessa forma permitindo que os consumidores “vejam” histórias sobre a vinícola, notas de degustação ou até harmonizações em tempo real. Este é um nível de envolvimento sem precedentes.

Cada vez mais a tecnologia integra-se ao consumo do vinho de forma a melhorar a experiência do consumidor. Esse incremento na experiência do consumidor é uma resposta a possibilidade de diferenciação de um produto tão abundante no mercado, com cada vez maior valor e busca pelo próprio consumidor.

Harmonizações criativas e desafiadoras

O consumidor moderno de vinhos está mais disposto a explorar novas complexidades e desafiar as regras tradicionais de harmonização. Para 2025, prevê-se uma das tendências como “harmonização por contraste” ganhem força, explorando combinações ousadas com vinhos que contrastam sabores e texturas.

Além disso, o vinho está conquistando novos espaços em mesas globais. A procura por harmonizações com cozinhas não ocidentais, como a asiática, africana e latino-americana, cresce significativamente. Esse fenômeno é devido ao impulso da globalização e o interesse em experiências gastronômicas diversificadas. 

Por exemplo, vinhos brancos secos para equilibrar pratos apimentados ou vinhos tintos de corpo médio com especiarias exóticas ganham destaque em eventos e menus internacionais.

Sustentabilidade e embalagens alternativas

O planeta continua sendo uma pauta extremamente relevante e continuará a ser nos próximos anos. A preocupação com o planeta passa, inevitavelmente, pelo uso de embalagens que sejam menos poluentes para o meio ambiente. 

E, com isso, as embalagens sustentáveis de vinho ganham cada dia mais visibilidade. A demanda do consumidor, que está cada dia mais consciente, busca por embalagens eco-friendly pode ser fator de decisão na hora de escolher. 

Cada vez mais as embalagens sustentáveis passam a ocupar um espaço de determinação no momento da compra e não mais apenas como um fator “nice-to-have”. 

No mercado global, algumas alternativas às garrafas de vidro ganham espaço. Latas, caixas Tetra Pak e garrafas de vidro recicladas, cada uma com características que visam reduzir a pegada de carbono da produção e transporte. Por exemplo, estudos indicam que até 40% da pegada de carbono de uma garrafa convencional ter relação às emissões durante sua fabricação.

Embora a garrafa de vidro continue sendo de amplo uso por sua funcionalidade e usabilidade, novas opções estão surgindo para atender a um público diversificado e com demandas específicas. 

Para termos uma ideia, a tabela a seguir mostra um pouco dos impactos gerados em diferentes embalagens de vinhos, observe.

Impactos de diferentes embalagens de vinhos 

Tipo de EmbalagemPegada de CarbonoSustentabilidadeVantagens no Transporte
Garrafa de Vidro875 kg de CO₂ por 75 cl de vinho40% da pegada de carbono tem relação ao material e produçãoNecessita 36,8 caminhões para transportar 1 milhão de litros de vinho
Saco em caixa (BIB) Bag in Box Caixa 3 L170 kg de CO₂ por 5 litros de vinho (8 vezes menor que vidro)80% reciclável, melhor pegada de carbono na categoriaSolicita 6,4 caminhões para 1 milhão de litros (6x menos que vidro)
Lata (Alumínio)Redução de 35% na pegada de carbono em relação ao vidroFeita de alumínio, material 100% reciclávelPeso mais leve facilita o transporte e reduz impacto ambiental

Evidentemente, a escolha da embalagem ideal para o vinho ainda envolve uma série de considerações, que variam desde aspectos técnicos e de preservação até questões ambientais e de preferências do consumidor. A garrafa de vidro permanece como o design predominante, especialmente pelo seu apelo tradicional e pela sua capacidade de preservação das características do vinho.

Crescimento dos vinhos orgânicos e biodinâmicos

Os vinhos orgânicos excluem pesticidas e fertilizantes sintéticos, e os biodinâmicos, integram princípios de sustentabilidade e ciclos naturais. Hoje, eles estão entre as categorias de maior crescimento em valor e volume.

Estudos indicam que os vinhos orgânicos podem reduzir a pegada de carbono em até 30%, enquanto os biodinâmicos podem diminuir as emissões em até 50% em comparação com vinhos convencionais. 

Além disso, o processo biodinâmico inclui a utilização de compostos naturais e um manejo do solo que pode fortalecer a biodiversidade local. Isso gera um impacto ambiental positivo e ainda agrega valor ao produto.

Esse mercado tem apresentado um grande potencial de crescimento, conforme mostra o relatório “Organic Wine Market Forecast to 2028,” publicado pela The Insight Partners. Há uma previsão que o consumo desse mercado possa atingir, em 2028, US$24,55 bilhões com um crescimento anual de cerca de 12% em relação ao valor de 2023 que foi de US$12,47 bilhões.

Esse aumento mostra o quanto o consumidor vem mudando os hábitos de consumo, principalmente entre o público mais jovem. Em uma pesquisa realizada na França, Alemanha e Reino Unido, cerca de 46% dos consumidores com menos de 35 anos já tinham provado vinho orgânico, enquanto, dos consumidores com mais de 55 anos apenas 38% havia provado esse tipo de vinho.

Outras variações: Vinho Vegan e Vinho Natural

Ainda, dentro das categorias de vinhos que trazem um apelo de saudabilidade, estão os vinhos veganos e naturais.

Durante muito tempo, os produtos que se utilizavam para fazer a clarificação do vinho, processo de limpeza para eliminar a turbidez, eram à base de proteínas à base de ovo ou outras proteínas animais como caseína do leite. Porém, nos dias atuais, a grande parte dos compostos são à base de proteínas vegetais.

Com isso, é possível dizer que a maioria dos vinhos são veganos, e a procura por vinhos que trazem esse selo é cada vez maior.

Só no Brasil, segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) estima-se que cerca de 7 milhões de pessoas veganas, e no mundo estima-se que há cerca de 80 milhões. Este é um mercado potencial que busca por produtos que atestem a não presença de elementos animais no seu processo de fabricação.

Já o Vinho Natural, em linha gerais, é um produto elaborado da forma mais primitiva possível. Uma bebida fermentada, como qualquer outro vinho, mas que não fará uso de outros compostos vitícolas para chegar ao seu resultado, procurando mantê-lo o mais natural possível.

Ambos vinhos veem seu consumo aumentando e continuam a ser uma aposta nas tendências para 2025.

Aumento do consumo de vinhos com baixo teor alcoólico e sem álcool

O movimento em direção a estilos de vida mais saudáveis ​​e a uma maior consciência sobre o consumo excessivo de álcool é impactante diretamente no mercado de vinhos. Espera-se um crescimento significativo no consumo de vinhos com baixo teor alcoólico e sem álcool, especialmente entre os consumidores mais jovens.

O movimento “sober curious” (curioso sobre a sobriedade) continua a ganhar força, evoluindo a forma como os consumidores abordam o consumo de bebidas. 

Este estilo de vida, que promove a experimentação da sobriedade sem o compromisso de abstinência total, atrai principalmente Millennials e Geração Z, que valorizam saúde, bem-estar e consumo consciente. Conforme relatório de Tendências 2025 da Trend Hunter, o mercado de bebidas sem álcool está em expansão, inclusive dos vinhos. 

Segundo um estudo realizado pela FMCG Gurus, 71% dos adultos que bebem álcool reduziram seu consumo. As opções sem álcool já representam 3% do mercado global de bebidas alcoólicas, espera-se que esse mercado cresça 31% no volume total até o fim de 2024. Na análise da IWSR, em 2022, as vendas de bebidas sem e com baixo teor alcoólico ultrapassaram US$11 bi em valor de mercado, em 2018 foi de US$8 bilhões. 

Essa transformação não se limita a destilados e cervejas. O segmento de vinhos também abraça uma tendência, com opções de baixo teor alcoólico e versões sem álcool emergindo como novas categorias. 

Estes vinhos têm produção a partir de tecnologias avançadas que preservam os sabores e aromas característicos do vinho, mas com uma redução significativa do teor alcoólico. Este segmento está se expandindo rapidamente, com projeções de mercado de um crescimento anual médio acima de 15% nos próximos anos. Tal crescimento reflete uma mudança cultural que privilegia o equilíbrio entre prazer e saúde.

Conclusão

Portanto, as tendências do mercado de vinhos para 2025 revelam uma transformação significativa, com influência das mudanças globais em comportamento de consumo, sustentabilidade e novas tecnologias.

Além disso, a integração de tecnologias na produção e na personalização da experiência de compra também indica um futuro promissor para a viticultura, permitindo um consumo mais eficiente e alinhado às expectativas dos consumidores.

A busca por experiências mais inovadoras e desafiadoras, como harmonizações criativas e vinhos com baixo teor alcoólico ou sem álcool, revela a tendência crescente de explorar novos sabores e sensações, sem abrir mão de um estilo de vida saudável e equilibrado. 

Nesse cenário, o mercado de vinhos busca se adaptar não apenas para atender um público mais exigente, mas também para se conectar com as novas gerações que trazem novas demandas de consumo.

Em 2025, os vinhos serão mais do que uma bebida. Serão parte de uma jornada sensorial e consciente, onde cada escolha, refletirá um compromisso com o planeta e com a saúde. Para os produtores e marcas, essa transformação é uma oportunidade de se destacar, inovar e criar vínculos mais profundos com um consumidor cada vez mais atento e exigente.

E com você, como é a sua relação de consumo de vinho?

Foto: Maria Orlova

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