Os Vinhos Mais Premiados de 2025 e as Tendências para o Futuro
A cada ano, a indústria vinícola celebra suas melhores criações através de concursos de prestígio que consagram produtores, estilos…

A cada ano, a indústria vinícola celebra suas melhores criações através de concursos de prestígio que consagram produtores, estilos e regiões. Em 2025, rótulos de diferentes partes do mundo conquistaram júris dos principais eventos do setor, como o Decanter World Wine Awards (DWWA), International Wine Challenge (IWC), Concours Mondial de Bruxelles, Mundus Vini, entre outros. Mais que um selo de excelência, essas premiações definem tendências, influenciam o mercado e ajudam a revelar os novos destinos e protagonistas do universo do vinho. Contudo, além de identificar os vinhos premiados, é cada vez mais importante entender o que leva um vinho ao topo – e como essas escolhas explicam os rumos do mercado global.
Acompanhe, neste artigo, os vinhos mais premiados de 2025 até o momento, analisando quais critérios levam um vinho a se destacar nessas premiações e o que podemos esperar do universo do vinho nos próximos anos.
Neste artigo você vai ver
Vinhos premiados 2025
O circuito internacional de premiações é um dos termômetros mais respeitados para medir excelência e inovação no mundo do vinho. Em 2025, diversas regiões consagradas e emergentes conquistaram destaque ao apresentar rótulos que convenceram júris altamente especializados.
Decanter World Wine Awards (DWWA)
Na premiação, que aconteceu em Londres, a França liderou o quadro de medalhas em categorias de prestígio. Champagne se destacou com vencedores como Barons de Rothschild Rare Collection Blanc de Blancs Extra Brut e outros rótulos vintage, enquanto Borgonha, Bordeaux e Loire também garantiram forte presença entre Best in Show, Platinum e Gold.
Portugal brilhou com seu vinho do Porto Graham’s Quinta dos Malvedos 2018, bem como o branco Soalheiro Alvarinho 2024, da região de Vinho Verde. A Itália demonstrou consistência, levando prêmios em várias regiões, enquanto a Espanha teve reconhecimento especial por seus vinhos de Jerez, ambos do produtor González Byass.
Além disso, o continente americano teve grandes conquistas. O argentino Rutini Single Vineyard Malbec 2021 (Mendoza), o chileno Antiya Viñedo Escorial Organic Carmenère 2020 (Vale do Maipo) e o norte-americano Clos du Val Cabernet Franc 2022 (Stags Leap District) figuraram entre os destaques máximos. O Brasil manteve seu protagonismo crescente, trazendo para casa 145 medalhas – entre elas, o Guaspari Vista do Chá Syrah 2019 (prata) e o Vale da Pedra Branco 2024 (bronze).
International Wine Challenge (IWC)
Durante a premiação, ficou evidente o avanço do chamado “Novo Mundo”.
Vinhos da Nova Zelândia foram a escolha como melhor Merlot (Church Road 1 2021) e Syrah (Glenora Estate 2024). A África do Sul levou o melhor Cabernet Sauvignon (Le Grand Domaine Grand Vin Selection 2022) e a Austrália conquistou o troféu máximo com o Chardonnay (Tolpuddle Vineyard Chardonnay 2023). Tradicionalíssima, a França segue com prestígio, principalmente com o Clos de la Roche Grand Cru Hospices de Beaune Cuvée Cyrot Chaudron 2023, do produtor Maison Albert Bichot, que ganhou como o melhor Pinot Noir.
A Inglaterra foi outro grande destaque, especialmente entre os espumantes. A Nyetimber confirmou sua reputação com troféus importantes e a Lyme Bay Winery fez história ao conquistar, pela primeira vez, os prêmios de melhor tinto e melhor branco inglês no mesmo ano.
O IWC 2025 também valorizou uvas e origens menos tradicionais, como Schioppettino na Itália e Saperavi na Geórgia. Além disso, vinhos da Croácia, Áustria e de países pouco conhecidos como produtores, como Ucrânia, Colômbia e Japão, tiveram vinhos premiados, evidenciando maior diversidade e inovação no setor.
O Brasil também teve destaque: a vinícola Guaspari ganhou dois bronzes com o Sauvignon Blanc Vista do Café Branco 2022 e o Syrah Vista do Chá 2019. Além disso, recebeu duas menções “commended” para seus Viognier Vista do Bosque 2022 e Cabernet Sauvignon/Cabernet Franc Vista da Mata 2020.
O que levam vinhos a serem premiados?
Embora o gosto pessoal seja subjetivo, os concursos internacionais seguem critérios técnicos rigorosos para avaliar os vinhos. Eles buscam equilíbrio, tipicidade e qualidade sensorial.
Os jurados geralmente são sommeliers experientes, enólogos, jornalistas especializados e críticos conceituados, que analisam os rótulos às cegas, ou seja, sem saber a marca ou o produtor.
Critérios de avaliação
- Visual: intensidade de cor, brilho, limpidez
- Olfato: complexidade, intensidade, pureza e tipicidade
- Paladar: equilíbrio, estrutura, persistência, harmonia, taninos, acidez
- Sensação tática e gustativa: textura, corpo, evolução na boca. Além disso, o vinho deve apresentar harmonia entre os seus elementos – acidez, taninos, álcool, corpo e açúcar.
- Potencial de guarda: muitos vinhos premiados têm reconhecimento também por seu potencial evolutivo, demonstrando características de envelhecimento promissoras
- Originalidade: expressão do terroir, inovação e ousadia controlada
Fatores que influenciam a avaliação
Ganhar um prêmio de relevância internacional não é fruto do acaso. É o resultado de uma junção de fatores que criam uma bebida que se destaca pela sua harmonia, complexidade e caráter.
Terroir
Tudo começa no campo. O conceito francês de terroir engloba o solo, o clima, a topografia, a exposição solar e a interação de todos estes elementos com a videira. Um grande vinho expressa o seu lugar de origem. Regiões tradicionalmente vinícolas levam vantagem pelo acúmulo de conhecimento, mas cada vez mais concursos buscam reconhecer a singularidade de cada local.
Técnicas de manejo e vinificação
Não existem grandes vinhos sem grandes uvas. Os produtores premiados praticam uma viticultura meticulosa, muitas vezes sustentável. Isto inclui o controle rigoroso dos rendimentos (produzir menos uvas por planta para concentrar sabores) e a gestão cuidadosa da folhagem para otimizar, bem como a exposição solar e a colheita manual no momento exato de maturação fenólica.
Da mesma forma, na indústria o enólogo atua com grande precisão e cuidado. A escolha das leveduras (indígenas ou selecionadas), o controle da temperatura de fermentação, o tipo de barrica de carvalho (francês ou americano, novo ou usado) e o tempo de envelhecimento são decisões importantes.
Os vinhos premiados demonstram uma vinificação que respeita a matéria-prima, intervindo apenas para realçar a sua qualidade, sem mascarar o caráter da uva e do terroir.
Complexidade e equilíbrio
Um vinho premiado é, acima de tudo, equilibrado. Nenhum elemento se sobrepõe ao outro. A acidez, o álcool, os taninos (nos tintos) e o corpo devem coexistir em perfeita harmonia. A complexidade é outro atributo fundamental: um vinho que evolui na taça, revelando camadas de aromas e sabores a cada gole, é digno de reconhecimento.
Tendências para o futuro no mercado de vinhos
Algumas tendências observadas neste ano já apontam para mudanças que vão além da taça. Elas envolvem tecnologia, sustentabilidade, experiência do consumidor e um novo olhar para a diversidade.
Sustentabilidade
Os consumidores estão cada vez mais atentos ao impacto ambiental da produção, preocupando-se com a origem dos produtos que consomem. Assim, vinícolas que adotam práticas sustentáveis, certificações orgânicas ou biodinâmicas ganham prestígio.
A economia de água, o uso de energia renovável, o manejo de solo regenerativo e o respeito à biodiversidade estão deixando de ser diferencial para se tornar exigência básica. Já existem inclusive categorias específicas nas principais premiações, e a tendência é de crescimento contínuo nos próximos anos.
Crescimento dos vinhos naturais e de baixa intervenção
Embora ainda controversos, os vinhos naturais conquistam uma fatia crescente do mercado. Sem adição de sulfitos, com leveduras indígenas e mínima filtragem, esses vinhos expressam a matéria-prima com maior espontaneidade. Essa tendência também dialoga com os conceitos de saúde e “clean label” (rótulos mais transparentes), em voga no setor de alimentos e bebidas.
Ascensão dos vinhos “no-low”
A procura por vinhos sem álcool (No-Alcohol) ou então com baixo teor alcoólico (Low-Alcohol) é uma das tendências mais fortes. Muitos produtores estão investindo em tecnologias de desalcoolização sofisticadas que preservam melhor os aromas e sabores originais do vinho.
Redescoberta de uvas autóctones
Enquanto as castas internacionais como Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay continuam populares, há um movimento crescente de valorização de uvas autóctones. Pense na Baga de Portugal, na Saperavi e Assyrtiko da Grécia, na Teroldego e Fiano da Itália ou na Furmint da Hungria.
Tecnologia na viticultura
Drones, sensores no solo, satélites e softwares de previsão climática permitem hoje o monitoramento preciso das vinhas, melhorando o rendimento e a qualidade dos vinhos. A precisão no controle de pragas, irrigação e colheita melhora a qualidade das uvas e reduz perdas. A IA também está presente em plataformas de recomendação de vinhos, que usam algoritmos para sugerir rótulos com base no paladar do usuário, dessa forma democratizando o acesso ao consumo de vinho com mais consciência.
Novos mercados produtores
A consolidação de países emergentes na produção de vinhos premiados é uma tendência incontestável. Além do Brasil, Chile, Argentina e África do Sul, países como Canadá, China, Índia e Turquia vêm surpreendendo em concursos internacionais, ampliando a oferta de estilos e uvas nativas.
Experiência do consumidor
O consumidor de vinho está cada vez mais exigente e informado. Além da busca por rótulos de qualidade, há uma valorização crescente do enoturismo, experiências personalizadas de degustação, clubes de assinatura, além da preferência por vinhos de pequenos produtores. O storytelling do vinho — a história do produtor, sua relação com o meio ambiente e com a cultura local — está cada vez mais presente nas escolhas de compra.
Novas embalagens
Formatos como vinho em lata e bag-in-box têm ganhado espaço, especialmente em eventos, consumo ao ar livre ou porções individuais. Além da conveniência, essas embalagens são mais sustentáveis em termos de transporte e reciclagem. Embora ainda enfrentem preconceito em alguns mercados, esses formatos já apresentam qualidade.
Conclusão
Ter reconhecimento nos principais concursos internacionais valida o trabalho de produtores, reforça a busca constante por qualidade e molda padrões em constante evolução. Para o consumidor, entender o que diferencia um vinho premiado – assim como conhecer novas tendências e protagonistas – amplia as possibilidades de escolha, apreciação e descoberta.
Mas o importante, seja com medalha ou não, é a experiência – e essa, o vinho continua oferecendo como poucos produtos no mundo.