Château Petrus, a história do rei de Pomerol

Se você é amante de vinho, muito possivelmente já ouviu falar do Château Pétrus. Mas você conhece a sua história?

Caixa de madeira do icônico vinho Château Petrus, um dos mais caros do mundo

Responsável por exercer grande fascínio sobre os enófilos ao redor do mundo, o Château Petrus é certamente um dos vinhos mais famosos – e caros – do planeta. Se você é amante de vinho, muito possivelmente já ouviu falar dele, mas você conhece a história do Château Petrus?

Originário da região vinícola de Pomerol, sub-região de Bordeaux, na França, esse ícone, elaborado quase exclusivamente de Merlot, tem uma reputação de excelência e longevidade. Vamos explorar neste artigo um pouco mais sobre esse vinho icônico.

História do Château Petrus

A história do Château Petrus remonta ao século XVIII, porém, foi apenas no início do século XX que o vinho começou a ganhar fama mundial.

A propriedade, localizada em Pomerol, sub-região de Bordeaux, na França, leva o nome da área onde estão seus terrenos, a qual seria chamada de São Pedro – em latim Petrus. A referência, inclusive, figura no rótulo de seus vinhos, onde está representada a imagem do santo segurando as chaves do paraíso.

Durante um longo período, a propriedade pertenceu à família Arnaud, que a obteve em 1770, sendo adquirida parcialmente por Madame Loubat em 1925. A partir de 1945, um importante negóciant de vinhos da região, Jean-Pierre Moueix obteve parte das ações e os direitos de comercialização.

Por muitos anos, ambos trabalharam com muita eficiência e desenvolveram a reputação do Petrus, promovendo seu vinho pelo mundo todo, especialmente nos Estados Unidos, tornando-se até um dos favoritos da família Kennedy.

Após o falecimento de Madame Loubat, na década de 1960, seus sobrinhos herdaram a propriedade, quando então, em 1969, Moueix comprou todas as ações da família e tornou-se detentor integral da sociedade.

Em 2003, com a morte de Jean-Pierre Moueix, as terras passaram para as mãos de seu filho Jean-François Moueix, presidente da empresa comercial Duclot. Recentemente, 20% do seu capital foi vendido ao investidor colombiano Alejandro Santo Domingo, CEO da cervejaria colombiana Bavaria, em uma transação estimada em US$ 200 milhões.

Mas qual é o segredo do Château Petrus?

A fama do Château Petrus começou em 1878, quando o vinho ganhou uma medalha de ouro em um concurso internacional em Paris. Mas, ainda assim, recebeu pouca atenção, ganhando destaque de fato após as excepcionais safras de 1945 e 1947.

As particularidades deste grande vinho devem-se quase exclusivamente ao solo e aos cuidados com seus 11,4 hectares, pois as técnicas de vinificação são praticamente as mesmas desde o século XIX.

O terroir e a vinificação

O Château Petrus está situado em um terraço alto de Pomerol, em solos de argila azul pura, composição que o destaca de outros vinhedos da região, onde predomina o calcário. Este solo profundo e compacto não absorve água, possibilitando uma drenagem excepcional.

Dos 11,4 hectares, 8,6 são de Merlot, a uva dominante em Pomerol, enquanto os outros 2,8 recebem outras variedades, como Cabernet Franc, Malbec e Cabernet Sauvignon. As videiras são antigas e possuem idade média de 45 anos. Além disso, nas últimas décadas, a vinícola adotou novos métodos de poda, diminuindo o rendimento do vinhedo, resultando em maior concentração de sabor e aroma.

Já em relação à vinificação, de modo geral, os processos são simples, porém extremamente cuidadosos. A fermentação alcoólica ocorre em cubas de concreto, onde também acontece a fermentação malolática. O vinho segue então para barricas novas de carvalho, onde repousa em torno de 22 a 28 meses.

Evidentemente, os talentosos Jean-François Moueix, filho de Jean-Pierre e responsável pela gestão da propriedade, o enólogo Jean-Claude Berrouet e o viticultor Michel Gillet também merecem o reconhecimento pela excelência dos vinhos.

Safras lendárias

Dependendo do ano, a propriedade produz cerca de 30 mil garrafas. Aliás, caso a safra de certo ano não atinja os padrões de qualidade determinados, tais garrafas nem chegam a ver a luz do dia. Isso aconteceu com os anos de 1956, 1965 e 1991.

Já 1929, 1945, 1947, 1961, 1964, 1982, 1989, 1990, 2000, 2005, 2009 e 2010 são safras que deram origem a garrafas lendárias, muitas delas com nota 100/100 do famoso crítico Robert Parker.

Valor inestimável

Os vinhos Petrus podem ser armazenados por muitos anos e seus aromas ganham ainda mais complexidade com o envelhecimento. Eles apresentam textura profunda, taninos aveludados e máxima elegância. Contudo, é importante citar que essa capacidade de envelhecimento irá depender da safra.

Com todos esses predicados, o valor desse ícone não custaria menos do que alguns milhares de dólares. Atualmente, o Château Petrus é um dos vinhos mais caros, e raros, do mundo. Exemplares de safras mais antigas podem chegar a mais de US$ 10 mil!

Em leilões, o Petrus é a estrela, sendo um dos mais procurados por investidores. Sua valorização nos últimos anos é tamanha que superou diferentes tipos de investimento. Uma garrafa de uma boa safra, bem conservada, significa lucro garantido.

Em novembro de 2019, uma garrafa da safra 2000 “viajou” para a Estação Espacial Internacional (ISS), por iniciativa da start-up europeia Space Cargo Unlimited (SCU), e retornou após 14 meses de envelhecimento em órbita. Em outubro de 2021, ele atingiu a marca do vinho mais caro do mundo, sendo arrematado por US$ 1 milhão em um leilão promovido pela Christie’s.

O Château Petrus é certamente um nome que evoca fascínio, exclusividade e excelência no mundo do vinho. Cada garrafa guarda em si a história, a tradição e a paixão de gerações.

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