Como descrever o vinho? Aprenda os principais termos utilizados

É importante ser direto e simples, com vocábulos que possam ser compreendidos por todos, especialmente por aqueles que estão iniciando

Diretor de Enologia da Guaspari, Gustavo Gonzalez, analisando o vinho diretamente das barricas

O universo do vinho tem sua linguagem própria, que muitas vezes pode parecer difícil, mas ela é importante para que haja uma padronização da terminologia usada para identificar a bebida.

Ao descrever o vinho, é importante ser direto e simples, com vocábulos que possam ser compreendidos por todos, principalmente por aqueles que estão iniciando. Por essa razão, são usados termos que trazem referências de nosso cotidiano, como, por exemplo, quando dizemos que o vinho tem notas de ameixa. Mesmo que você não esteja tão acostumado com o aroma da ameixa, é possível compreender e remeter a essa sensação olfativa.

Contudo, nem sempre encontramos expressões que sejam tão diretas e explícitas, que são entendidas por todos de primeira. Por isso, aqui vão alguns termos para lhe ajudar a expressar melhor o que você está sentindo na taça, tanto em termos visuais, quanto olfativos e gustativos.

Apenas cuidado para não se tornar o “enochato”, usando vocábulos quando não é necessário, ainda mais quando não acrescentam significado algum.

A

ABRIR: o vinho “está abrindo” quando ocorre o crescimento de suas características, principalmente de aromas, um tempo depois da abertura da garrafa. Antôn. fechado.

ACASTANHADO: nuance de cor dos vinhos tintos que lembra tijolo. Geralmente associada a vinhos envelhecidos. Desse modo, em tom semelhante, também podem ser chamados de alaranjados ou atijolados.

ACÍDULO: de acidez excessiva. Da mesma forma, pode-se ouvir que o vinho é muito ácido. A acidez é conjunto de ácidos do vinho, responsável pela sensação de frescor agradável, detectada nas laterais da língua.

ADSTRINGENTE: com muita adstringência – sensação tátil de aspereza provocada pelo excesso de tanino, semelhante a se comer uma banana verde.

AFINADO: vinho que evoluiu corretamente, maduro, em perfeito equilíbrio entre aroma e sabor.

AGRESSIVO: vinho com excesso de acidez e adstringência, ainda jovem ou em processo de evolução.

AGULHA: sensação de picada na língua produzida pelos espumantes ou vinhos brancos.

AMACIAR: perder os excessos de acidez e/ou adstringência.

AMADEIRADO: vinho em que as características da barrica sobressaem ou então um aspecto negativo do carvalho, uma espécie de aroma grosseiro, pois esse sabor só é desejável se balanceado pela fruta.

AMADURECER: evoluir positivamente em tanques, barricas ou garrafas; o mesmo que envelhecer.

ÂMBAR: tonalidade amarela, típica de alguns vinhos licorosos. Nos vinhos comuns indica oxidação.

AMBIENTAR: deixar o vinho na temperatura ambiente do local em que será servido. Mesmo que chambrer.

APAGADO: de aroma inexpressivo.

AROMA: odor emanado pelo vinho, que pode ser primário – quando é proveniente da uva –, secundário – originado da vinificação – e terciário – resultado do envelhecimento.

AROMÁTICO: vinhos com muito perfume, provenientes de variedades como, por exemplo, Sauvignon Blanc, Torrontés, Gewrüztraminer, Riesling e Viognier.

AUSTERO: vinho com aromas e sabores menos frutados, mais sério, geralmente com taninos mais marcantes e alta acidez.

AVELUDADO: descrição de textura que indica um vinho muito macio.

AVINAGRADO: cheirando a ácido acético.

AVINHAR: enxaguar de vinho a taça ou um recipiente no qual será servida a bebida.

B

BOUCHONNÉE: vinho com defeito devido à contaminação da rolha de cortiça por um fungo. Apresenta forte odor de mofo.

BOUQUET: aroma complexo, também denominado terciário, resultante do envelhecimento. Mesmo que buquê.

C

CHAMBRER: adaptar o vinho à temperatura ambiente. Ver ambientar.

CHATO: vinho com falta de acidez. O mesmo que plano ou flat.

COMPLEXO: vinho com muitas nuances de aromas e sabores, provenientes da vinificação, maturação etc.

CONCENTRADO: vinho com sabor intenso, boa presença de taninos e intensidade de cor, aromas e sabor.

CORPO: sensação de peso do vinho na boca. Classifica-se como pouco corpo, médio corpo ou encorpado.

CURTO: vinho com pouca persistência aromática, pouco retrogosto.

D

DECANTAR: transferir o vinho da garrafa para um decanter com o propósito de separar os sedimentos originários do envelhecimento. Também usado para arejar, respirar o vinho antes de servi-lo.

DELICADO: vinho elegante, gracioso, que apresenta harmonia.

DESEQUILIBRADO: vinho que possui um de seus componentes em excesso, mascarando outros (tanino, acidez, álcool, açúcar). O mesmo que desarmônico ou desbalanceado.

DOCE: vinho com alto teor de açúcar residual. No Brasil é o mesmo que suave.

DURO: vinho jovem com muita acidez e tanino.

E

ELEGANTE: vinho delicado, equilibrado, de qualidade.

EQUILIBRADO: vinho que possui harmonia entre todos os componentes; estão todos na proporção correta (tanino, acidez, álcool, açúcar).

ESTRUTURADO: vinho com boa presença de taninos, álcool e ácidos.

F

FECHADO: vinho que ainda não demonstra todo seu potencial.

FLORAL: conjunto de aromas vegetais que recordam flores, encontrados principalmente em vinhos jovens, tendendo a diminuir com o tempo.

FOXADO: odor proveniente de uvas americanas ou híbridas. Recorda o aroma dos animais de pelos de cheiro forte.

FRACO: vinho sem qualidades evidentes; pobre em álcool.

FRANCO: vinho sem defeitos no que se refere ao seu aspecto olfativo.

FRESCO: vinho leve, com acidez agradável.

FRUTADO: vinho com aroma e sabor de frutas frescas, típico de vinhos jovens.

FUGAZ: quando o aroma desaparece rapidamente de um vinho.

G

GENEROSO: vinho robusto, encorpado, com boa estrutura e rico em álcool.

H

HARMÔNICO: vinho equilibrado entre álcool, acidez e açúcar, deixando uma sensação agradável em boca.

HERBÁCEO: notas de grama, ervas frescas; mais comum em vinhos jovens.

HONESTO: diz-se do vinho sem grandes defeitos e sem grandes ambições, mas que apresenta qualidades mínimas aceitáveis e tem um preço justo.

I

IMBEBÍVEL: vinho que não se pode beber por estar estragado ou muito ruim.

INSÍPIDO: vinho de baixa acidez, sem personalidade. O mesmo que chato.

INTENSA: cor do vinho forte e bem marcada.

J

JOVEM: vinho geralmente frutado, com pouco tânico e acidez agradável, que não é destinado ao envelhecimento. Pode significar também vinho recém produzido, ainda no momento inicial de seu processo de amadurecimento, com potencial de evolução.

L

LEVE: com pouco corpo e pouco álcool, porém equilibrado.

LÍMPIDO: vinho transparente, sem sedimentos ou partículas em suspensão.

LONGO: vinho persistente no paladar.

M

MACIO: vinho redondo, suave, sem aspereza e com pouca adstringência.

MADURO: que está no ponto máximo de seu potencial de envelhecimento.

MAGRO: vinho diluído, sem caráter, aguado.

MINERAL: aroma associado a grafite, petróleo, querosene, pedra de isqueiro etc.

MOFADO: aroma que recorda o de bolor, indicando que o vinho foi estragado pela ação de fungos presentes nas uvas ou nos equipamentos.

MOLE: vinho sem acidez e vivacidade.

N

NERVOSO: com acidez e adstringência altas, não necessariamente excessivas.

NEUTRO: sem caráter marcante.

O

OPACO: vinho turvo, sem limpidez.

OXIDADO: vinho que sofreu transformação química causada pela exposição ao oxigênio. Oxidação em excesso estraga o vinho.

P

PERFUMADO: de aromas bem evidentes, mesmo que aromático.

PERSISTENTE: vinho que possui longa persistência, que são as sensações olfativas e gustativas que continuam na boca após ele ser provado.

PERSONALIDADE: qualidade de um vinho que lhe dá uma identidade particular, que o distingue de outros vinhos.

PESADO: vinho encorpado, porém com pouca acidez; sem finesse.

PLANO: vinho sem sabor e sem corpo ou sem acidez. Mesmo que chato.

PRONTO: vinho que atingiu o ponto de amadurecimento, estando apto para ser bebido.

POTENTE: vinho intenso, porém equilibrado em todos os aspectos – tanino, acidez, corpo e álcool.

Q

QUENTE: o mesmo que alcoólico.

R

REDONDO: vinho suave, sem aspereza e com pouca adstringência. O mesmo que aveludado, macio.

REDUZIDO: vinho que sofreu redução, processo de amadurecimento em garrafa no qual a bebida consome o oxigênio contido no recipiente e amadurece lentamente, sem ar. Em excesso é negativa e, se for um problema, pode ser resolvida pela aeração ou outra forma de oxigenação do vinho.

RETROGOSTO: também conhecido como aroma de boca, são os aromas e sabores que permanecem na boca após o vinho ser engolido ou cuspido. Espera-se que um bom vinho tenha um retrogosto agradável e persistente.

ROBUSTO: vinho encorpado, redondo.

S

SEDOSO: o mesmo que aveludado.

SUAVE: vinho leve ou encorpado, de textura fina e sem aspereza, redondo, fácil de ser bebido. Também significa vinho doce.

T

TÂNICO: vinho rascante, adstringente, com alta quantidade de taninos. Tanino é um polifenol presente na casca da uva, semente e engaço, responsável por diversas características do vinho, principalmente em relação às sensações táteis na boca.

TIPICIDADE: qualidade de um vinho considerado típico de sua procedência geográfica, safra ou uva.

TURVO: vinho que perdeu sua limpidez, ao qual falta transparência, com grande quantidade de substâncias em suspensão.

U

UNTUOSO: vinho encorpado, carnoso, de consistência viscosa.

V

VEGETAL: conjunto de aromas que lembram algum vegetal, como capim, pimentão verde, azeitona. Em altas concentrações, pode ser considerado um defeito.

VERDE: pode referir-se a um vinho jovem, com acidez acentuada, mas agradável e refrescante.

VIGOROSO: vinho jovem, saudável, em pleno vigor.

VIVO: vinho de cor brilhante, com grande frescor, boa acidez e caráter vivaz.

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