O que é enogastronomia? Veja a relação entre vinho e gastronomia

Muito além de apenas combina comida e vinho, essa arte busca a perfeita harmonia entre sabores, aromas e texturas, criando uma experiência única

Vinho Guaspari Cabernet Franc/Cabernet Sauvignon Vista da Mata, acompanhado de porção de croquetas de carne

Mais do que uma simples combinação entre comida e vinho, a enogastronomia é uma arte que busca a perfeita sintonia entre eles. Ela representa a fusão harmônica entre os sabores, aromas e texturas, com o intuito de criar uma experiência sensorial que pode transformar uma refeição comum em uma celebração memorável.

Assim, para entendermos melhor o que é a enogastronomia, vamos explorar princípios fundamentais e como essa arte pode criar uma sinfonia de sensações que aguçam os sentidos e despertam novas percepções.

Princípios da enogastronomia: uma dança de aromas e sabores

A base da enogastronomia encontra-se na busca da harmonia entre vinhos e pratos. E para isso, podemos citar duas técnicas principais: harmonização por similaridade e harmonização por contraste.

A primeira busca combinar elementos semelhantes entre o vinho e o prato. Por exemplo, um vinho tinto com notas de especiarias pode harmonizar com um prato que também contenha especiarias. Por outro lado, a harmonização por contraste utiliza componentes opostos para criar um equilíbrio, caso de um vinho doce servido com um prato muito salgado.

Portanto, independente do tipo de harmonização que você deseja fazer, é necessário analisar as características do vinho e da comida e levar em consideração alguns princípios básicos para alcançar o sucesso: componentes, aromas, textura e peso.

Componentes

São os elementos básicos do vinho e da comida, que correspondem às sensações gustativas primárias: acidez, amargor, doçura, salgado, taninos e álcool.

  • Acidez: a acidez, um atributo muito desejável em todo vinho, deve ser equilibrada com a acidez do prato, que pode ser natural ou adicionada. Pratos gordurosos, por exemplo, pedem vinhos com maior acidez para cortar a gordura. Também equilibra-se a acidez por doçura.
  • Amargor: caso esteja presente no vinho, o amargor é sinal de excesso de tanino ou uso incorreto da madeira e exige cuidado, pois vinhos amargos em companhia de comidas amargas não dão bom resultado. Procure harmonizar alimentos amargos com vinhos de baixo ou nenhum tanino, que contenham doçura.
  • Doçura: a doçura no vinho é proveniente de açúcar residual; enquanto na comida, pode ser natural ou adicionada. Para harmonizar, lembre-se de que a doçura do vinho deve sempre ser maior ou igual a da comida. Para contrastar a doçura, use acidez e salgado.
  • Salgado: nos vinhos é muito raro, enquanto em alimentos, da mesma forma como a acidez e a doçura, pode ser natural ou adicionado. Atenção para pratos muito salgados que não farão boa companhia a vinhos muito tânicos ou de alto teor alcoólico. Seu contraste se faz com o doce e o ácido.
  • Taninos: os taninos nos vinhos tintos causam a sensação de adstringência, especialmente nos mais jovens, por isso, é importante combiná-los com pratos que tenham textura para suavizar essa percepção.Seu contraste se dá com alimentos gordurosos e suculentos. Em caso de alimentos muito salgados, fuja!
  • Álcool: quando presente em alto quantidade, confere certo teor adocicado ao vinho, sendo um dos responsáveis pela sensação de corpo e peso relativos da bebida. O álcool traz uma sensação de calor e ardência nas mucosas, por isso cuidado ao servir vinhos com alto teor ao lado de comidas picantes, desastre na certa.

Aromas

Os aromas são sensações bastante complexas e o ideal é harmonizá-los com a comida por similaridade, por isso, procure identificar os aromas do vinho e buscar essas mesmas notas no prato.

Textura

Quando analisamos a textura, devemos pensar tanto em sensações tácteis quanto térmicas, aplicando a harmonização por similaridade ou contraste. Procure apenas evitar contrastes excessivos, como um vinho gelado acompanhado de uma sopa quente.

Peso

Aqui é fundamental acompanhar o “peso” do prato com o do vinho. Alimentos leves pedem vinhos leves e pratos mais estruturados pedem vinhos mais encorpados, caso contrário, um irá sobrepor-se ao outro.

A importância da experimentação na enogastronomia

A melhor maneira de aprender sobre enogastronomia e ter cada vez mais sucesso em suas harmonizações é experimentando. Se você está iniciando nesta arte, comece com combinações simples e clássicas, como um vinho tinto encorpado com carne vermelha ou um vinho branco seco com peixe.

Prove diferentes combinações de vinhos e comidas, observe as suas reações e descubra quais mais lhe agradam. Mas embora existam diretrizes que orientem a harmonização, não tenha medo de ousar e quebrar algumas regras. Às vezes, combinações inesperadas podem resultar em experiências surpreendentes.

Importante também considerar o ambiente onde a refeição é servida, o qual também desempenha um papel crucial. A atmosfera, a música e a companhia podem influenciar a percepção dos sabores e tornar a experiência ainda mais especial.

A enogastronomia é um universo em constante evolução, sempre a descobrir novas combinações e sabores. Explorar esse mundo é um convite ao aprendizado, à experimentação e ao prazer de compartilhar momentos especiais com amigos e familiares. Saúde!

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